Ele venceu a quinta edição do Big Brother, há quatro anos.
E, desde então, não parou mais de conquistar espaço, fãs e respeito. Jean Wyllys ficou conhecido por tornar pública sua homossexualidade e vem militando em favor dos direitos iguais e do respeito. Hoje, faz parte do projeto “Armário Embutido”, um programa concebido em parceria com o cineasta Luiz Carlos Lacerda (diretor de “For all’, “Viva sapato”, “Leila Diniz”) e que aborda aquilo que na cultura e na indústria cultural interessa à comunidade gay e, em contrapartida, aborta também o que na cultura gay pode interessar aos heterossexuais.
“É um programa criativo, divertido e cheio de informações que mescla entrevistas e pequenos documentários. Quem assistiu ao piloto do programa adorou o que viu”, declarou ele recentemente em seu blog. Para ele, a militância gay esbarra na dificuldade de a maioria dos gays e lésbicas assumir sua homossexualidade. “E na burrice generalizada dos gays hedonistas e consumistas e em sua falta de compromisso com o coletivo”.
Jean não gosta muito de falar sobre o BBB ou sobre como gastou o dinheiro do programa. Ele venceu a primeira edição que pagou R$ 1 milhão mas acha invasão querer saber como investiu o prêmio. “O Big Brother me trouxe uma fama da qual procuro fugir porque nunca quis ser famoso por ser famoso”, fala. Sobre a vida amorosa, também economiza nas palavras e diz que está “bem”.
Jean é mestre em literatura e especialista em cultura brasileira e baiana. Dá aulas no Rio de Janeiro, na ESPM e trabalha com edição e direção musical. Em 2001, lançou o livro “Aflitos”, pela Fundação Casa de Jorge Amado e, após a saída do reality show, “Ainda Lembro”, sobre a experiência do confinamento.
Seu último trabalho na televisão foi como repórter do programa “Mais Você” com Ana Maria Braga. Em entrevista ao Vila Glitter, diz que hoje, tudo o que quer é continuar trabalhando muito, fazendo tudo ao mesmo tempo, com muita saúde.
Do que se trata o projeto “Armário Embutido”?
É um programa que mistura entrevistas com curtos documentários ou matérias. Um programa leve, divertido e informativo em que os homossexuais aparecem como sujeitos do discurso e não como objetos. Tem uma estrutura criativa e junta, como apresentadores, dois intelectuais e artistas significativos para duas diferentes gerações de homossexuais: Luiz Carlos e eu. O piloto do programa está pronto e já temos a carta de intenções do Canal Brasil. Mas, esbarramos na captação de patrocínio porque os empresários brasileiros e as grandes marcas ainda não acordaram para o potencial de consumo dos gays e para sua força política.
Como vê a militância gay no Brasil?
A militância está se organizando cada vez mais e a prova disso é o número de paradas do Orgulho Gay em todo Brasil. Há paradas em lugares onde jamais imaginávamos. Mas os quadros da militância ainda carecem de mais pessoas com estofo intelectual e político. Sem mais pessoas assim, os grupos correm o risco de virar ONGs à espera do dinheiro público para financiar paradas gays, sem estender a ação para outros campos e sem entrar no jogo democrático da conquista de direitos.
Você acaba de lançar seu último livro, “Tudo ao mesmo tempo agora”. Do que se trata?
É um livro de crônicas, cujos temas são variados: literatura, cinema, tevê, modos de vida gay, memórias e militância. Todas as crônicas estão costuradas, digamos assim, por um tom militante; por um esforço em tecer críticas à cultura que nos forma como sujeitos e, ao mesmo tempo, nos oprime; por uma vontade de politizar a existência. É um livro generoso com o leitor. O livro pra quem gosta de ler e se entreter.
Você escreve, dá aulas, dirige. Como consegue fazer tudo ao mesmo tempo (agora)?
Procuro dividir o tempo e aproveitá-lo da melhor maneira possível. Além disso, eu faço o que gosto, logo, tenho um prazer enorme em fazê-lo. O trabalho de preparar e dar aulas, palestras, de escrever e dirigir não é um fardo, é um prazer. Por isso, faço tudo ao mesmo tempo agora.
Como foi participar do BBB (e vencer)? O que mudou de lá pra cá?
Foi bacana. Uma experiência, sem dúvida, inesquecível. Emocionante e enriquecedora. Uma experiência marcante como outras que já vivi e que viverei e que fizeram e farão de mim quem eu sou. Muita coisa mudou depois do Big Brother porque as coisas mudam todos os dias em nossas vidas, mesmo que, às vezes, as mudanças não sejam grandes e significativas o suficiente para que a gente as perceba. O Big Brother me trouxe uma fama da qual procuro fugir porque nunca quis ser famoso por ser famoso; e me deu um prêmio em dinheiro que me ajudou bastante. Algumas portas se abriram não por causa do programa, mas, por conta da formação e do talento que são anteriores à participação no programa.
Tem acompanhado essa edição, do BBB9? O que acha das mudanças?
Na medida do possível. As mudanças nas quatro últimas edições do BBB (6,7, 8 e 9) são uma forma mais ou menos eficaz de driblar a dramaturgia pobre e a crescente artificialidade dos participantes. Ponto para a direção e para a produção do programa.
Por Sabrina Passos (MBPress)
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